Fiquei muito animada quando a Renata me convidou para falar um pouco da minha experiência de pós parto porque este é um assunto pouco falado, provavelmente, porque muitas mulheres sintam vergonha de expor alguns sentimentos que surgem com o nascimento do bebê. Eu mesma, só soube que muitas mães passam pelo que passei depois que comecei a falar sobre isso com outras mulheres.
Bem, antes de começar meu relato, vou me apresentar, meu nome é Marina Narcizo, sou psicóloga e tenho um filho de 1 ano e 7 meses. A minha gravidez foi muito desejada e planejada, toda a minha gestação correu muito bem, sempre estive muito bem disposta e, consegui manter minhas atividades e trabalho até o finalzinho da gravidez. Theo nasceu com quase 42 semanas, super saudável e lindo!
Parece ser o cenário perfeito para a alegria estar completa, não é mesmo? Mas, não era exatamente assim que eu me sentia.
A gravidez, na maioria das vezes, é um momento de expectativas e idealizações, ficamos imaginando como será nosso bebê, com quem vai ser parecido, como será rotina após o bebê nascer, o que esperamos do parto... Mesmo eu, que sempre fui muito realista e nunca tive uma visão muito romantizada sobre a maternidade, tive um certo choque de realidade quando Theo nasceu. Com a sua chegada, surgiram também uma série de sentimentos difíceis de lidar e compreender em um primeiro momento, além de um turbilhão de hormônios que habitava o meu corpo pós parto e que faziam com que eu me sentisse a pessoa mais feliz e infeliz do mundo em frações de segundos. É algo muito difícil de explicar porque era uma oscilação de humor muito brusca, muitas vezes, nem eu sabia porque estava triste, e, nestas horas, ficar buscando explicações é ainda pior porque não há racionalizar estes sentimentos.
Esse é o chamado "baby blues" que não chega a caracterizar uma depressão pós parto, pois seus sintomas costumam desaparecer depois das primeiras semanas, mas é um quadro extremamente comum que muitas mulheres vivem e passam por isso silenciosamente.
Para quem está de fora, e até para nós mesmas, pode parecer algo incompatível ter um bebê nos braços e estar deprimida, mas o tornar-se mãe é um processo complexo, somos convocadas a ocupar um novo lugar no mundo e, por um bom tempo, ficamos vivendo esse papel de mãe como se não fosse mais possível fazer qualquer outra coisa que não trocar fralda, dar de mamar, colocar pra dormir, dar banho, trocar fralda, dar de mamar, ... 
É uma rotina exaustiva, principalmente para uma mãe de primeira viagem que nunca viveu esta experiência antes, parece que não vamos dar conta, que vamos sucumbir a qualquer instante, mas o que eu posso dizer é que isso passa! Muitas vezes, pequenas atitudes e decisões podem nos ajudar a aliviar um pouco a pressão e passar por este momento de forma mais tranquila, listo aqui algumas coisas que foram importantes para mim e que podem ajudar outras mães também:
- Não hesite em pedir ajuda. É importante ter pessoas com quem você possa contar para ajudar nas atividades diárias, você não precisa dar conta de tudo sozinha, lavar uma louça, varrer a casa ou ficar com o bebê para você poder tomar um banho, ir ao banheiro, acredite, até as necessidades básicas se tornam não tão básicas assim com a chegada do pequeno.
- Respeite seus limites. Tome decisões levando em consideração o que também é melhor pra você, isso é muito importante para criar uma relação tranquila entre você e o bebê. Quando nos tornamos pais passamos a ter muita dificuldade em aceitar e respeitar nossos limites, pois o encaramos como uma fraqueza, a gente quer sempre ir além, fazer mais e melhor, mas é importante entendermos que o limite é até onde podemos ir sem que isso nos faça mal.
- Tire um tempo pra você. No começo é dificil, comece estipulando pequenas metas realistas que você vai conseguir cumprir, como por exemplo, tirar uns 15 min por dia para ler um livro, escutar uma música, caminhar, algo que te faça bem, com o tempo você pode ir estabelecendo outras metas, sempre pensando de forma realista para não se frustrar.
- Siga sua intuição. Muita gente irá dar palpites e conselhos, na maioria das vezes, são pessoas próximas, da família, que exercem uma certa influência sobre nós, mas só você pode saber o que é melhor para o seu filho, então guarde aquilo que te servir e o resto ignore.
Hoje, posso dizer que esta experiência que vivi serviu para estreitar ainda mais os laços com meu filho, porque me permitiu perceber as minhas próprias limitações e adequar isso a minha relação com ele. O importante é entender que não há nada de errado com você e ter paciência porque com o tempo a rotina se ajusta, você e o bebê entram em sintonia e, no final, dá tudo certo, acredite!
 
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