quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Para tirar a Zika! - Para as Crianças! - Por Fernanda Catharino

Sou Fernanda Catharino, tenho 38 anos, e me defino como uma mulher altamente realizada. Tenho pais maravilhosos, um marido sensacional e dois filhos, que são a razão da minha vida. Sou médica Pediatra, com muito amor e orgulho! Vivo para minhas crianças... filhos e pacientes! Sempre tive como meta na vida, tratar todas as pessoas como eu gostaria que tratassem minha família e principalmente meus filhos! Então sou aquela Pediatra grude sabe?! Pergunto, respondo, ligo, atendo. Tenho absoluta convicção que quando amamos o que fazemos, tudo fluiu com naturalidade. E assim caminho... no hospital, no consultório e nos atendimentos em sala de parto e berçários. A Renata me perguntou se eu gostaria de fazer mais essa parceria com ela, já que somos parceiras no acompanhamento do meu pequeno príncipe lindo Jonas, filho dela e meu paciente. Claro que topei! Adoro divulgações, explicações e principalmente adoro trabalhar falando de prevenção. E nesse momento nós não podíamos deixar de falar sobre a grande “estrela do momento”: o ZIKA vírus! O bichinho não veio pra brincadeira não... então vamos prestar atenção:

O ZIKA vírus, é um arbovírus da família Flaviviridae. É considerado endêmico no Leste e Oeste do continente Africano. O principal modo de transmissão é por vetores, especialmente a fêmea do mosquito Aedes aegypti. A doença febril causada pelo ZIKA vírus é aguda e autolimitada. A maioria das infecções são assintomáticas.

Quando sintomática, o quadro se manifesta com febre baixa, exantema pruriginoso (leões avermelhadas que coçam), artralgia (dor nas articulações), mialgia (dor muscular), cefaleia (dor de cabeça) , hiperemia conjuntival (irritação nos olhos) ,edema de extremidades (inchaço nas mãos e pés) e vômitos. Em geral, os sintomas podem durar até 7 dias.

O grande problema é que ainda não se conhece o potencial de morbidade e letalidade da doença. E nem sabemos ainda como exatamente esse vírus atinge o sistema nervoso de um adulto e também de um feto. Mas, estudos recentes mostram uma correlação com a ocorrência de síndrome de Guillain-Barré (doença neurológica grave) e infecção congênita que pode levar a microcefalia (uma malformação cerebral). E mostram ainda que a doença pode ser transmitida pelo leite materno e até através do sêmen. Bizarro demais né?!

Não existe tratamento especifico. E como não possuímos no Brasil kits comerciais para realização de sorologia específica para ZIKA, o diagnóstico é clínico e diferencial com outras doenças exantemáticas (como Dengue, rubéola, exantema súbito). A PREVENÇÃO é o que temos de mais importante a fazer. Sendo assim, o uso de repelentes e telas de proteção e extermínio de focos criadouros de mosquitos, passa a ser um dever de todos nós. ATENÇÃO: PREVENÇÃO é a nossa arma minha gente!!!!!!! Estamos diante de um vírus “quase desconhecido” e para mantê-lo bem longe vou explicar um pouquinho na prática sobre alguns repelentes. Muito temos ouvido falar sobre os melhores repelentes disponíveis por ai... alguns que já tinham um preço mais salgado, foram superinflacionados e pasmem: sumiram das prateleiras! Vamos lá: Até os 6 meses de idade nenhuma loção anti-mosquito e nenhum repelente são aprovados para uso. Nessa fase, vale a proteção com roupas de malha fina e compridas, apesar do calor, e os famosos cortinados de berço e carrinho, e ainda as telas de proteção. E toda, mas toda atenção e cuidado com o bebê. Após os 6 meses até os 2 aninhos estão liberadas as loções anti-mosquito do tipo Johnson. Elas são oleosas e cheirosas, e devem ser reaplicadas a cada 4 horas. Acho sempre que devem ser aliadas as roupinhas mais compridas e aos cortinados quando o bebê dorme. Após os 2 anos, os repelentes podem e devem ser aplicados! E também devem ser reaplicados a cada 4 horas! Aí valem os OFF, REPELEX, EXPOSIS.  

Algumas dicas são interessantes: Não precisa aplicar o repelente próximo aos olhos e a boca. Os mosquito não chega perto se tiver uma aplicação próximo a esses locais de forma eficaz. E nesse super verão, vale a pena nos lembrar dos protetores solares e como conciliar seu uso com o do repelente. Oriento da seguinte forma: O protetor solar deve ser aplicado 20 minutos antes da exposição ao sol, então, apliquem o repelente e após 1hora apliquem o protetor. Sem mistérios.... conseguimos proteger de tudo. Repelentes em spray são ótimos para proteção das roupas da família! Vale a pena esse cuidado também! Algumas mamães que amamentam me perguntaram sobre aplicar o repelente nos seios. Pensem que o seio vai ter contato direto com a boca do bebê. Vale a mesma dica que dei para os olhos e boca.

Então, em época de ZIKA e de verão temos que ter sempre no nosso kit viagem, clube, praia, casa da vovó, e na nossa casa mesmo: Repelentes, filtro solar, roupas de proteção solar, chapéu/boné, muito líquido, um despertador que nos lembre a hora de  reaplicar o repelente e um celular pra tirar dúvidas com seu Pediatra a hora que for necessário!

Espero ter esclarecido mais duvidas que vcs possam ter. Qualquer outra pergunta, podem mandar aqui pro Playing Paradise, ou pelo pagina do FB, ok?

Beijos!
Fernanda Catharino

Para tirar a Zika! - Para as Gravidas! - Por Priscila Pyrrho

Olá!
Me chamo Priscila Pyrrho, tenho 35 anos, e sou Ginecologista e Obstetra por vocação e por paixão. Tenho um casal de filhos de 7 a 5 anos, e ser mãe foi fundamental para que eu me envolvesse ainda mais com o universo da maternidade e compreendesse, na pele, toda a ansiedade e a insegurança que surgem junto com esse período. Ultimamente parece que ser mãe está ficando cada vez mais difícil! Cada hora surgem mais motivos para dilemas e preocupações: é a amamentação, a mamadeira, a chupeta, a papinha, o agrotóxico, a creche, a babá, a volta ao trabalho, é isso, é aquilo outro... ufa! Cansa só de pensar!

E em meio a tudo isso, surge mais um motivo de polêmica e preocupação: a Zika.

A Zika é uma doença causada por um vírus, e que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.

Muita informação confusa, sem embasamento, muitos boatos e polêmica tem envolvido a Zika e o surto de microcefalia recente no Brasil. Já ouvi pessoas afirmando que a microcefalia nada teria a ver com a Zika, mas sim com o estado de anemia severa da população do nordeste. Também já ouvi pessoas dizendo que tudo isso estaria sendo causado por um lote de vacinas vencidas e que o governo estaria omitindo informações sobre isso. Outros já me questionaram como teriam descoberto relação entre a Zika e a microcefalia só agora, se é uma doença que já existia em outros países anteriormente.

Pra responder essas questões vou ter que voltar um pouquinho no tempo...



Foi na Floresta Zika, em Uganda, em 1947, que se isolou pela 1ª vez o vírus da Zika em macacos, durante monitoramento da febre amarela. A primeira infecção humana foi notificada em 1952. Porém a doença só tomou notoriedade internacional após um surto entre 2005 e 2007 na Oceania, quando foi então verificado seu potencial endêmico, e em seguida o surgimento de outros casos em outros lugares do mundo. Em fevereiro de 2015 o Ministério da Saúde começou a receber um numero grande de casos de doença exantemática sem causa definida, de evolução benigna e resolução espontânea, nos estado da Bahia, Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe e Paraíba. No final de abril, pesquisadores da Universidade Federal da Bahia anunciaram a identificação do vírus Zika. Depois disso, foi reconhecido a presença do vírus em 18 federações do país (áreas escuras no mapa), e em julho de 2015, foi comprovada a primeira síndrome neurológica relacionada ao vírus.

É impossível conhecer o número real de infectados pelo vírus Zika, pois é uma doença onde cerca de 80% dos infectados não apresentam sintoma algum, e grande parte dos infectados não procura nenhum serviço de saúde, dificultado ainda mais o conhecimento da magnitude da doença. Além disso, não há, até o momento, exames de qualidade ou quantidade suficientes para a confirmação da doença. Dessa forma, estima-se que, em 2015, o numero de infectados no país deva estar entre 500 mil a 1 milhão e meio.

Em outubro de 2015, o estado de Pernambuco solicitou apoio do Ministério da Saúde para investigar um surto de microcefalia na região, e este fez uma notificação à Organização Mundial de Saúde. Juntos com outros órgãos de investigação, aventou-se a hipótese de haver correlação com a infecção pelo Zika vírus, e em novembro, foi lançado um documento sobre o potencial de risco de microcefalia pós infecção pelo vírus. No documento consta o caso da Polinésia Francesa (o tal caso da Oceania que falei antes) que, também, teve um surto de microcefalia e malformações do sistema nervoso central, coincidindo com um período de epidemia da doença. Diante do documento, a Polinésia Francesa testou a sorologia específica em 4 mulheres cujos filhos haviam apresentado alterações, e identificaram positivo para Zika. Dai começou todo o bafafá!

A partir daí, se iniciaram uma série de testes e investigações clínicas, epidemiológicas e laboratoriais, que conseguiram identificar o vírus no líquido amniótico de gestantes, no tecido cerebral de fetos com microcefalia que evoluíram a óbito, e conseguiram elaborar a relação da doença exantemática nas gestantes com o aparecimento de alterações cerebrais no feto.

Dessa forma, ficou claro que o vírus da Zika, é de fato o causador do aumento de casos de microcefalia e lesões cerebrais atualmente identificados no país, e não por conta de vacinas vencidas nem por causa da pobreza e desnutrição no nordeste.

Agora vamos às perguntas que sempre me fazem depois que eu conto essa historia:

- Então é, realmente, perigoso pegar Zika na gravidez!?
R.: SIM. O Vírus da Zika, tem um tropismo, ou seja, uma preferência, pelo tecido do sistema nervoso, porém não se pode afirmar que a presença da Zika na gravidez leva, invariavelmente, à microcefalia. Assim como em outras infecções congênitas (ex: toxoplasmose, citomegalovírus), o desenvolvimento das anomalias pode variar de acordo com a carga viral, com a idade gestacional em que se teve a doença, com a imunidade da gestante, e com outros fatores ainda desconhecidos até o momento. Mesmo em fetos com o perímetro cefálico normal, já foram descritas outras alterações cerebrais, como calcificações parenquimatosas, hipoplasia de cerebelo, agenesia de vermis, ventriculomegalia, etc. Ou seja, não basta medir o tamanho da cabeça dos bebês, é preciso avaliação cuidadosa de todo o cérebro, sempre que houver suspeita da doença. Vale lembrar que a microcefalia relacionada à Zika é uma doença nova e que está sendo descrita pela primeira vez na história, baseada no que esta acontecendo no Brasil, então ainda restam muitas perguntas a serem respondidas.

- Qual o período da gravidez de maior risco pra gestante?
R.: Apesar do período embrionário (até 8 semanas) ser considerado o de maior risco para múltiplas complicações, sabe-se que o sistema nervoso central permanece suscetível a complicações durante toda a gestação, e a gravidade do comprometimento dependerá de uma série de fatores fetais e maternos. Tem-se cogitado também, a ocorrência de outras alterações, não neurológicas, relacionadas à Zika, como catarata congênita, cardite e aumento de timo, mas estas ainda necessitam de mais investigações.

- Existem outras causas de microcefalia? O que ela pode causar no bebê?
R.: Sim. Ela pode ser genética, pode ser causada por algum acidente vascular cerebral hemorrágico, pode ser por conta de outras infecções como sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, pode ser causada também por agentes externos como álcool, radiação ou diabetes materna mal controlada, e ainda pode ser grave e crônica desnutrição. A microcefalia pode causar epilepsia, paralisia cerebral, retardo no desenvolvimento, problemas de visão e audição, e até a morte. Cada caso deve ser avaliado e tratado, individualmente.

- É verdade que a Zika também pode ser transmitida sexualmente, pela saliva e pelo leite?
R.: Já foi identificada a presença do vírus na urina, leite materno, saliva e sêmen, porém não significa que sejam importantes vias de transmissão, já que não foi observada a replicação viral nesses meios.

- Existe tratamento pra Zika?
R.: Não existe tratamento específico pra Zika. Recomenda-se o uso de sintomáticos como paracetamol e dipirona para dor e febre, e no caso de erupções pruriginosas, o uso de anti-histamínicos. Não de recomenda o uso de AAS e outros anti-inflamatórios, em função do risco de complicações hemorrágicas.

- Como me prevenir?
R.: Evitando áreas de risco, usando telas nas residências e repelentes. Para as gestantes são recomendados aqueles que contém DEET-N, N-dietil-3-metatoluamida, e icaridina. A aplicação do repelente deve ser feita sempre por último, ou seja, depois de maquiagem ou protetor solar.

Bem, eu sei que foi muita informação e muita coisa técnica, também! Mas acredito que, neste caso, não temos muito como fugir dos termos usados na área medica. E, principalmente, espero ter ajudado a esclarecer algumas duvidas que as pessoas vem tendo sobre a Zika.

Mas lembrem-se: antes de acreditar em qualquer informação disponível na internet, pesquise a fonte para ter certeza de que é segura!

Esse texto que escrevi foi baseado no Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia Relacionada à Infecção pelo Vírus Zika, do Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia, 2015. Então, se vocês quiseram checar a fonte, segue abaixo o link para acesso completo ao documento.

Agradeço à Renata pelo convite, pois gosto muito de poder ajudar e orientar as pessoas e se alguém tiver alguma outra duvida, fiquem a vontade para me enviar, através do blog ou da pagina do Playing Paradise no FaceBook. Terei prazer em ajudar!

Priscila Pyrrho

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Comer, beber... O que mais?


Meu nome é Cecilia, sou nutricionista clínica e funcional e atuo, há 8 anos, em um consultório em Niterói. Sou mãe de um lindo menino chamado Pedro, que apesar de seus 2 anos de idade me ensina todos os dias o que é ser mãe e uma pessoa melhor! 

Quando a Renata me chamou para essa parceria, fiquei muito feliz, pois sei que nos, mamães de primeira viagem, temos muitas dúvidas sobre varias questões, afinal, é toda uma nova vida que começa para nos, além de uma vida nova que colocamos no mundo.

Hoje, vamos falar um pouco sobre alimentação na gestação. E, se vcs gostarem, podemos falar de outros temas ligados a nutrição que, também, geram duvidas nas mamães.

A alimentação, durante o período gestacional, é sempre motivo de muita insegurança, mas para mim, que sou nutricionista! São muitos estudos, muitas discussões a cerca do que é melhor para o bebe. Vou tentar trazer aqui, um pouquinho do que devemos ou não comer e beber durante, essa fase, baseado na minha experiência e nesses estudos.

Durante os 9 meses, temos a responsabilidade de nos alimentarmos bem e de forma saudável para o crescimento adequado do bebe e para prevenção de doenças como diabetes gestacional, eclampsia, edemas, constipação, dentre outros.

Nos 3 primeiros meses, a palavra é enjoo! Algumas gravidas mais, outras menos. Alimentos cítricos, nesta fase, costumam ser melhores tolerados. Eu mascava cristais de gengibre, me ajudou muito. Tinha o habito, também, de tomar café – logo tirei, pois me agitava e dava muita náusea...

Importante, também, darmos preferencia para alimentos ricos em fibras, como frutas, legumes  e verduras, sem esquecer de higieniza-los, da forma correta, por favor!!! Para evitar a contaminação de protozoários, verminoses. Eu usava o hidrosteril. São 20 gotas para cada um litro de agua.  Tem varias outras marcas no mercado: agua sanitária, clorin... Outro habito que é legal introduzir é o consumo de cereais integrais como pães integrais, arroz integral, massas integrais, cereais como musli, granolas sem açúcar. Evitar, também, carnes mal passadas, ajuda a não termos surpresas indesejadas!!! As vezes, tinha festas de aniversários em churrascaria e ficava super atenta ao ponto da carne - sempre bem passada. Carne crua tem muitos riscos de contaminação, e, para grávida, esse risco pode ter consequências serias.

Dentro dos riscos de condições serias na gravides, encontramos o aumento da pressão arterial. Para evitar esse problema, fiquem atentas com o sal que, também, causa retenção de liquido. Em casa, troquei pelo sal rosa, mas pode ser o sal marinho, gersal, sal light com baixo teor de sódio. E pra quem acha que refrigerante não tem nada a ver com isso, fiquem sabendo que estes são ricos em sódio, diminuem a absorção de vitaminas e ainda causam desmineralização óssea! Isso tudo, mesmo sendo "doce"!!!

Falando em doces, muito cuidado com excesso dos doces! Esta, também, é outra causa de condição seria, na gravidez, pois aumentam a glicemia e prejudicam a oxigenação adequada do bebe. E, a verdade é que, com o aumento e variação hormonal, temos vontade de comer doce e coisas gostosas, o tempo todo. Mas temos que nos controlar, afinal, o que importa é a saúde, ainda mais nessa fase da vida, que vc está gerando outra vida! A maior duvida que tenho,, em consultório é a respeito do uso de adoçantes. As opções que temos mais indicados para uso das gravidas são:  xilitol e stevia e a sucralose, mas essa em quantidade moderada.

Sei que dei muitas indicações aqui e espero ter tirados algumas duvidas. Minha experiência como grávida foi muito enriquecedora, pois uma vez grávida, consegui perceber bem as dificuldades e incertezas que envolvem, essa fase... Ter que ficar atenta aos rótulos, produtos químicos, alterações em exames de sangue... E entendo que, em alguns momentos, nos bate um desanimo em ter que controlar tanto o que se come... O que tento passar para minhas pacientes é que o ganho de peso ser controlado, nada tem haver com estética, mas com a saúde do bebe e seu desenvolvimento. A alimentação adequada variada e rica em nutrientes, possibilita que o bebe ganhe peso, adequadamente, reduzindo complicações para mamãe e bebe, tanto durante a gravidez ,quanto no pos-parto. Sei que, as vezes, é chato pensar que vamos ficar cheias de restrições para comer isso ou aquilo e ter que ficar tomando conta de tudo que se come...  Mas a dica mais importante é: alimentação saudável, durante a gestação, é nossa primeira responsabilidade com nossos filhos!

Espero que tenha ajudado um pouquinho com minha experiência!!! E ficarei muito feliz em voltar com novos temas para conversarmos! Até a próxima!!!

Um beijo
Cecilia


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Sobre como eu fui quando fui diabética na gestação - Por Bia Mello

Sabe aquele exame, que fazemos na gravidez, que temos que tomar aquele xarope horroroso e ficar de castigo no laboratório, por algumas horas, para coletas de amostras de sangue? Só de lembrar, já deu um arrepio, não é? Agora, imagina só… eu fiz 3!

Mas, vamos voltar um pouco no tempo, alguns meses antes do primeiro exame da curva glicêmica.

Minha gravidez foi planejada. Para falar a verdade, fiquei surpresa por ter conseguido engravidar rápido. Sempre fui muito ansiosa e achava que isso atrapalharia as coisas. Mas nada como férias, não é mesmo? 

Os primeiros meses da gestação foram um mix de alegria e muito, mas bota muito enjoo. Perguntei para várias amigas se aquilo era normal. Pesquisei na internet todas as dicas, receitas da vovó, mandingas, qualquer coisa que fizesse passar aquele terrível mal estar. E o pior, é que as sugestões de “tratamento” eram para mulheres que enjoavam pela manhã, o que não era o meu caso. Eu passava muito mal a tarde. Parecia que o almoço queria bater longos papos comigo, até de noite e ficava no meu estômago, reinando soberano.

Resultado… só nos primeiros 5 meses, engordei quase 10kg. Sim! O que algumas mulheres engordam numa gravidez inteira. Por causa desses enjoos e por não conseguir manter uma alimentação regrada, engordei mais da metade do que ganhei de peso, durante toda a gestação.

Resultado 2… o exame de curva glicêmica indicou que eu estava com diabetes gestacional. Embora o ganho de peso tenha sido muito rápido e o histórico da minha família, também, favoreça a diabetes, foi um senhor surto, um verdadeiro soco no estômago. Acho que com aquele resultado, foi a primeira vez que me senti mãe. Tinha alguém dentro de mim, que dependia, realmente, do que eu fizesse aqui fora para se desenvolver bem, lá dentro.

O primeiro puxão de orelha foi da obstetra, que em um e-mail curto e direto, indicou que eu procurasse um endocrinologista e um nutricionista, o mais rápido possível. Não pensei duas vezes, encaminhei o e-mail para a minha nutricionista, aquela que eu deveria ter procurado, logo depois das férias, quando descobri que estava grávida. Segundo puxão de orelha! A dieta era muito restritiva. Mas para mim não importava, agora, era pela minha filha. O terceiro puxão de orelha veio do endocrinologista, este pelo menos era a primeira vez que me via. Foi indicação de uma amiga que, também, teve diabetes gestacional. Acho que o puxão de orelha, quem me deu, fui eu mesma durante a consulta, quando ele me explicou, com detalhes, o que poderia acontecer se eu não controlasse a glicose durante a gravidez. Tenso!

Passei uma semana pianinho! Seguindo todo o plano da nutricionista, mas não teve jeito. Mesmo controlando a alimentação, tive que usar insulina. Até que com o tempo, já estava na rotina os furos no dedo, e as picadas nas cochas e nos braços. Fora os roxos... Porque, uma coisa que eu tenho é boa mira! Como eu fui boa em acertar vasos com a aplicação da insulina e a minhas cochas e braços ficarem com pontos roxos. 

Claro que tinha o lado bom da história, toda história tem. Fui liberada para fazer hidroginástica e era a parte mais divertida do dia. Eu e as minhas amigas da terceira idade. A barriga ia crescendo e o número de vovós aquáticas que a Lara ganhava, também. Adorava estar dentro d’água. Era o único lugar com aquela barriga toda que eu me sentia leve e conseguia fazer os movimentos, pelos menos a maioria, porque tocar os dedos do pés com as mãos, era missão impossível. Conseguia até correr! Meu marido que ficava “preocupado” porque com tanta agitação, lá dentro a Lara tinha é que se segurar muito bem pelas paredes! kkkkk.

Não foi fácil! Mas também não foi o fim do mundo! Fui muito mais paparicada! Não podia comer na rua, mas quando ia na casa de alguém, sempre tinha alguma coisa especialmente preparada para mim. Minha bolsa pesava tanto quanto eu, com tantos lanches e alimentação “plano B”. Nunca comi tão saudável e tão bem, em toda a minha vida. Embora, toda ultra fosse um momento de apreensão, para saber se as medidas da Lara estavam dentro do normal. Era um alívio e uma felicidade saber que eu estava fazendo bem para a minha filha. E a cada nova consulta com a obstetra, ao invés de bronca pelos quilos a mais, era uma alegria pelos quilos a menos. Consegui emagrecer durante a gravidez. Eu perdi peso e a pequenininha lá dentro, ganhava. 

Então chegou o dia dela nascer. Eu queria muito o parto normal, mas tive um rompimento alto da bolsa e em função do risco de infecção pela diabetes gestacional, Lara nasceu de cesariana, mesmo depois de algumas tentativas de indução. Ainda por causa da diabetes gestacional, tanto eu quanto ela tínhamos nosso dedo e pezinho furados enquanto estivemos na maternidade. O risco dela nascer diabética ou fazer um quadro de hipoglicemia existia, mas, felizmente, eu cuidei muito bem da minha filha!


Saber que você está diabética na gestação é duro! Por isso, não deixe o sentimento de culpa e os “se” dominarem você. Procure uma boa equipe de saúde para te orientar e assuma seu papel de mãe.