Quando a Renata me convidou para escrever um post
sobre o meu parto, aceitei na hora, porque há muito queria falar sobre esse
assunto, apenas faltava uma oportunidade. Que bom que ela chegou!! Bom, deixa
eu me apresentar. Meu nome é Andréa Lattanzi, 34 anos, mãe do Pedro, 19 meses.
Quando engravidei, as dúvidas e preocupações eram
intermináveis, porém confesso que o parto não me afligia muito, afinal, eu
teria tempo para pensar a respeito. Mas, pensar a respeito de quê?? Eu
certamente faria uma cesárea. O que eu sabia sobre o parto normal era tão
somente aquilo que eu havia visto na TV ou cinema: cenas dignas de um filme de
terror! Definitivamente, Pedro nasceria por meio de uma cirurgia.
Tive uma excelente gestação, minha médica e eu
estávamos muito satisfetas com o andamento das coisas. Engravidei nos EUA, onde
moro há três anos. E, para desmistificar, aqui, o parto normal NÃO é
obrigatório, porém é SIM o mais comum. Em torno do quinto ou sexto mês, foi chegado
o momento em que a fatídica conversa precisava acontecer: a definição do plano
de parto. Falei para minha médica que, na minha cultura, o “normal” era o parto
cesárea e que eu tinha muito medo do parto normal. Na verdade, o que eu tinha
era desconhecimento, assim como a maioria das brasileiras. Ela entendeu
perfeitamente minha preocupação, me deixou à vontade para que eu decidisse o
tipo de parto com o qual eu ficaria mais confortável, mas, também não exitou em
dizer que eu e Pedro estávamos saudáveis e que, neste caso, não havia porque
não ter um parto de maneira natural. De qualquer forma, munida das informações
que ela me deu, fui para casa ciente de que eu precisava pensar a respeito e
tomar uma decisão. Que decisão!!!!
Dia após
dia, eu busquei informação, muita informação, sobre os tipos de parto e decidi:
meu primeiro filho nasceria de parto normal. É claro que não foi uma decisão
fácil, uma das mais difíceis da minha vida. Isso porque tudo que eu sabia até
me informar de fato me desencorajava a fazê-lo. Isso vale para tudo na vida!
Informe-se! Sempre! Não forme sua opinião sem informação. Sendo assim, fui
ganhando confiança e a certeza de que Pedro viria ao mundo quando ele estivesse
pronto. Isso contava muito para mim. E foi assim. No dia em que completaria 38
semanas de gestação, acordei às 2:00 horas com uma forte cólica. Entretanto,
verifiquei que elas não aconteciam com intervalos regulares. Tentei relaxar e
dormir, mas as cólicas continuavam intensas. Naquele dia, eu tinha uma consulta
com minha médica perto da hora do almoço e, como o consultório era dentro do
hospital onde meu filho nasceria, eu e meu marido resolvemos ir até lá para
checar se estava tudo bem e depois iríamos para a consulta agendada. Chegando
ao hospital, por volta de 8:00, foi constatado que eu estava em trabalho de
parto, com dois centrímetros de dilatação. Fui internada e levada para a sala
de parto, onde eu veria minha médica horas depois. Por volta das 13:00, eu
optei por tomar a anesteseia, porém tive uma complicação (queda de pressão e
desmaio) e os médicos me medicaram com uma dosagem muito pequena, apenas para
que eu me mantivesse bem até a hora do nascimento. Às 23:45 do dia 7 de agosto
de 2014, meu Pedro chegou aos meus braços e me fez esquecer as quase 24 horas a
sua espera - o que é normal para as mulheres que estão dando à luz a seu
primeiro filho. Seria hipocrisia e até mesmo, mentira, dizer que foi fácil, que
não tive medo, que eu não senti dor. Não foi fácil ficar todas essas horas sem
comer e ter energia para parir, eu tive muito medo, pois era meu primeiro parto
e tudo desconhecido para mim e, sim, eu senti dor. Entretanto, durante o meu
longo trabalho de parto, ao lado de meu marido, quem participou ativamente de
todo o processo, eu busquei pensar apenas no quão eu aguardava aquele serzinho
tão amado e que naquele dia eu o teria em meus braços. Foi intenso, foi
especial, foi, com certeza, um momento mágico.
Andréa Lattanzi
Maternidade em Muitos Tons
@maternidadeemmuitostons