terça-feira, 29 de março de 2016

o Parto!!! Parte I - Meu relato de parto normal!!! - Por Andréa Lattanzi

Quando a Renata me convidou para escrever um post sobre o meu parto, aceitei na hora, porque há muito queria falar sobre esse assunto, apenas faltava uma oportunidade. Que bom que ela chegou!! Bom, deixa eu me apresentar. Meu nome é Andréa Lattanzi, 34 anos, mãe do Pedro, 19 meses.

Quando engravidei, as dúvidas e preocupações eram intermináveis, porém confesso que o parto não me afligia muito, afinal, eu teria tempo para pensar a respeito. Mas, pensar a respeito de quê?? Eu certamente faria uma cesárea. O que eu sabia sobre o parto normal era tão somente aquilo que eu havia visto na TV ou cinema: cenas dignas de um filme de terror! Definitivamente, Pedro nasceria por meio de uma cirurgia.

Tive uma excelente gestação, minha médica e eu estávamos muito satisfetas com o andamento das coisas. Engravidei nos EUA, onde moro há três anos. E, para desmistificar, aqui, o parto normal NÃO é obrigatório, porém é SIM o mais comum. Em torno do quinto ou sexto mês, foi chegado o momento em que a fatídica conversa precisava acontecer: a definição do plano de parto. Falei para minha médica que, na minha cultura, o “normal” era o parto cesárea e que eu tinha muito medo do parto normal. Na verdade, o que eu tinha era desconhecimento, assim como a maioria das brasileiras. Ela entendeu perfeitamente minha preocupação, me deixou à vontade para que eu decidisse o tipo de parto com o qual eu ficaria mais confortável, mas, também não exitou em dizer que eu e Pedro estávamos saudáveis e que, neste caso, não havia porque não ter um parto de maneira natural. De qualquer forma, munida das informações que ela me deu, fui para casa ciente de que eu precisava pensar a respeito e tomar uma decisão. Que decisão!!!!

 Dia após dia, eu busquei informação, muita informação, sobre os tipos de parto e decidi: meu primeiro filho nasceria de parto normal. É claro que não foi uma decisão fácil, uma das mais difíceis da minha vida. Isso porque tudo que eu sabia até me informar de fato me desencorajava a fazê-lo. Isso vale para tudo na vida! Informe-se! Sempre! Não forme sua opinião sem informação. Sendo assim, fui ganhando confiança e a certeza de que Pedro viria ao mundo quando ele estivesse pronto. Isso contava muito para mim. E foi assim. No dia em que completaria 38 semanas de gestação, acordei às 2:00 horas com uma forte cólica. Entretanto, verifiquei que elas não aconteciam com intervalos regulares. Tentei relaxar e dormir, mas as cólicas continuavam intensas. Naquele dia, eu tinha uma consulta com minha médica perto da hora do almoço e, como o consultório era dentro do hospital onde meu filho nasceria, eu e meu marido resolvemos ir até lá para checar se estava tudo bem e depois iríamos para a consulta agendada. Chegando ao hospital, por volta de 8:00, foi constatado que eu estava em trabalho de parto, com dois centrímetros de dilatação. Fui internada e levada para a sala de parto, onde eu veria minha médica horas depois. Por volta das 13:00, eu optei por tomar a anesteseia, porém tive uma complicação (queda de pressão e desmaio) e os médicos me medicaram com uma dosagem muito pequena, apenas para que eu me mantivesse bem até a hora do nascimento. Às 23:45 do dia 7 de agosto de 2014, meu Pedro chegou aos meus braços e me fez esquecer as quase 24 horas a sua espera - o que é normal para as mulheres que estão dando à luz a seu primeiro filho. Seria hipocrisia e até mesmo, mentira, dizer que foi fácil, que não tive medo, que eu não senti dor. Não foi fácil ficar todas essas horas sem comer e ter energia para parir, eu tive muito medo, pois era meu primeiro parto e tudo desconhecido para mim e, sim, eu senti dor. Entretanto, durante o meu longo trabalho de parto, ao lado de meu marido, quem participou ativamente de todo o processo, eu busquei pensar apenas no quão eu aguardava aquele serzinho tão amado e que naquele dia eu o teria em meus braços. Foi intenso, foi especial, foi, com certeza, um momento mágico.

Andréa Lattanzi
Maternidade em Muitos Tons 
@maternidadeemmuitostons

quarta-feira, 23 de março de 2016

Amamentação! Parte V - Cartilha das mamadas!!! - Por Dra. Maria Emmerick

Olá, amigas do Playing Paradise, novamente, fui convidada pela Renata para falar de um assunto que eu adoro, Amamentação! Gosto tanto, que fiz uma cartilha sobre o assunto para distribuir para as mamães que atendo. Então, como vou falar sobre técnicas de amamentação e os benefícios para saúde da mamãe e do bebe, vou compartilhar a cartilha com vcs!

O aleitamento materno deve ser iniciado imediatamente após o nascimento, de preferência ainda dentro da sala de parto. 
Como a Dra. Fernanda falou no outro post, durante os primeiros 6 meses de vida, o bebê deve receber aleitamento materno exclusivo. Não é necessário oferecer água, chás, sucos ou qualquer outro alimento. Medicamentos são exceção. 
Não oferecer chupetas e bicos, pois os mesmos podem levar ao desmame precoce, a alterações ortodônticas, a um aumento da incidência de candidíase oral e servem de veículo para germes causadores de doenças. 

O BEBÊ DEVE SUGAR A MAMA ATÉ ESVAZIÁ-LA! 
O leite anterior é ralo e doce, composto por proteína do soro e lactose; é ele que mata a sede do bebê, por nisso não há necessidade de oferecer água. 
O leite posterior é rico em gordura; é ele que sacia a fome do seu bebê. 
Se você der um pouquinho de uma mama e logo passar pra outra sem esvaziar a primeira, seu bebê estará saciando a sede, mas não a fome. Por isso é necessário esvaziar uma mama antes de passar pra outra, para que ele possa ficar bem alimentado, aumentando o intervalo entre as mamadas e permitindo que ele ganhe peso. 

TÉCNICA DE AMAMENTAÇÃO: 
- a cabeça e o tronco do bebê devem estar alinhados, e o corpo do bebê deve estar encostando o corpo da mãe, barriga com barriga. 
- o bebê deve abocanhar toda a aréola, com a boca bem aberta, lábios evertidos e o queixo tocando a mama. 
- após a mamada, deve-se deixar o bebê em posição mais elevada, para que ele possa expelir o ar que engoliu durante a amamentação. 
- As duas mamas devem ser oferecidas em todas as mamadas; Esvazie uma mama e depois passe para a outra. Na próxima mamada, inicie pela mama que não foi esvaziada completamente. Alternando a mama facilita-se o esvaziamento adequado e garante a saciedade do seu bebê. 
Sinais de técnica incorreta: bochechas do bebê encovadas durante a sucção, ruídos da língua, mama muito esticada ou deformada durante a mamada, dor à amamentação. 
Parâmetros que ajudam a avaliar se seu bebê está sendo bem amamentado: ganho de peso, período de sono de 2 a 4 horas entre as mamadas, troca frequente de fraldas. 

O bebê em aleitamento materno costuma evacuar toda vez que mama, mas alguns podem ficar até 5-7 dias sem evacuar. Ambas as situações são normais. 




NÃO EXISTE “LEITE FRACO”! 
Se o seu bebê não estiver ganhando peso adequadamente ou não está ficando saciado, é provável que a técnica de amamentação esteja incorreta. Cheque com seu Pediatra essa possibilidade e peça indicação de alguma enfermeira ou Fonoaudióloga que possa te ajudar a trabalhar a pega da mamada.

BOAS RAZÕES PARA AMAMENTAR 
- O leite materno atende completamente às necessidades nutricionais do bebê, não necessitando de nenhum complemento. 
- Diminui a ocorrência de doenças imunoalérgicas, diarreicas e infecções respiratórias graves. 
- Promove perda de peso na mãe: o gasto energético de uma mulher em aleitamento exclusivo é de cerca de 700 kcal/dia. 
- Diminui o risco da mulher desenvolver câncer de mama e de ovário. 

DICAS PARA AS MAMÃES: 
- Para prevenir rachaduras: mantenha os mamilos secos, expondo-os ao sol; não use sabões, álcool ou óleos para limpeza dos mamilos; ordenhe um pouco de leite antes da mamada, e ao final da mamada introduza o dedo mínimo no canto da boca do bebê para desfazer o vedamento e evitar machucar o mamilo. 
- Exponha as mamas por poucos minutos ao sol, para diminuir de forma natural a sensibilidade dos mamilos; 
- EM CASO DE RACHADURAS OU MASTITE, NÃO SUSPENDA A AMAMENTAÇÃO!!! 
Em caso de rachaduras, não suspenda a amamentação! Passe o próprio leite materno sobre o bico e deixe-os um pouco ao ar livre e ordenhe um pouco de leite antes de cada mamada. 
A Mastiste é quando dizem que o seio "empedrou". A amamentação não deve ser suspensa, pois também ajuda a drenar a infecção. Mas deve-se procurar um medico, imediatamente, se sentirem os sintomas, como mamas vermelhas e enrijecidas. Em alguns casos, há necessidade de uso do Antibiótico. 


E O MAIS IMPORTANTE: NÃO DESISTA!!! O LEITE MATERNO É O ALIMENTO QUE ATENDE A TODAS AS NECESSIDADES NUTRICIONAIS DO SEU BEBE. BEBE QUE MAMA NO PEITO É UM BEBE SAUDAVEL!!!  


segunda-feira, 21 de março de 2016

Amamentação! Parte IV - Tem fórmula para isso? - Por Dra. Fernanda Catharino

Olá parceiras! Como estamos?! Hoje fui convidada para falar sobre o chamado “complemento”, a fórmula infantil, que nós Pediatras, às vezes lançamos mão para alimentar o bebê.

Em primeiro lugar, gostaria de deixar bemmmmm claro que sou super a favor do leite materno, por questões óbvias. É indiscutível que o leite materno é o melhor alimento para qualquer criança. Mas, gostaria que entendessem que sou Pediatra, e entendo que devo ser aquela pessoa que a mãe e o pai confiam plenamente, devo ser aquela pessoa que está ao lado desta família percebendo suas necessidades e angústias.  Costumo dizer aqui em casa que até eu ser mãe eu era uma Pediatra. Depois virei mãe,  outra sem dúvida alguma. Quem está com um RN em casa com um milhão de palpiteiras, sabe bem sobre algumas questões que vou abordar......... por isso eu sempre falo pros pais na alta da maternidade e no consultório: “Diz que a culpa é da Pediatra! “ ; É sério! Sabem de uma coisa? Funciona! As mães saem um pouco da linha de fogo..... e eu, nem ligo, fico de frente! Rrrssss falo mesmo, oriento mesmo, converso pra caramba... ligo, cobro notícias.... e tenho absoluta certeza que esse é o meu papel. O aleitamento materno é sim uma decisão da mãe, e só dela.

Em segundo lugar, as fórmulas infantis estão aí para serem prescritas quando há necessidade, com indicação médica. E vou tentar falar um pouco sobre isso também.

Algumas questões desencorajam uma mãe a amamentar facilmente. Por isso pessoal, mais uma vez bato na tecla: Consulta pré-natal com o Pediatra escolhido é fundamental! Escolher um bom profissional para estar ao seu lado e ao lado do seu bebê é muito importante. Disponibilidade para uma mãe é dar coragem à ela.

Algumas questões são bastante corriqueiras na vida de qualquer mamãe recém chegada da maternidade....... “ Você não tem leite suficiente!”, “Seu leite é fraco!”, “Essa criança está com fome!”, “Você não come direito, por isso seu leite é ralo assim!”  Paaaaaaaaara tudoooooo!!!!!! Queridas, NÃO EXISTE LEITE MATERNO FRACO! A APOJADURA DO LEITE ACONTECE CONFORME AS NECESSIDADES DOS BEBÊS. BEBÊS CHORAM! Tudo que está acontecendo na casa onde acaba de nascer um bebê é diferente para todos de lá. Por isso, sempre brinco, ouviu isso, é hora de para fazer uma oração, dizer que a pediatra já tirou todas as suas dúvidas sobre o aleitamento e dar um lindo sorriso de tranquilidade. Entendam, cada mãe produz o leite apropriado para o seu filho. Esse leite é capaz de sozinho alimentar seu filho sim! Acreditem! O que não pode acontecer é a adrenalina atrapalhar esse processo. A sucção é o melhor estimulo! A paz em casa é o melhor ambiente.

Mas e quando não dá certo o tal aleitamento materno exclusivo? Sou uma péssima mãe???? Claaaarrrooooo que não! Gente ninguém é mais ou menos mãe. E isso é muito mais comum do as mães imaginam. Existem sim casos que o bebê pode se beneficiar da fórmula infantil, já no berçário.
Bebês filhos de mães diabéticas por exemplo devem receber alimentação o quanto antes para não correrem o risco de hipoglicemia, que é grave. Mãe infectadas com vírus HIV não podem amamentar devido a transmissão pelo leite do vírus. Mães que fazem algum tratamento anti-  depressivo, podem ser impossibilitadas de amamentar seus bebês por conta de medicações. Mães que desenvolvem depressão pós- parto, muitas vezes não conseguem amamentar. Mães que fazem patologias obstétricas e necessitam de UTI, também ficam impossibilitadas de alimentar seus filhos. Bebês que não ganham peso adequadamente também podem ter indicação de receber complemento.

Vocês acham que em algum dos casos que eu citei agora, o filho deixa de ser o mais importante para essa mãe? De jeito nenhum! E aí lançamos mão das fórmulas infantis. Cada vez mais trabalhadas em fatores de proteção e hipoalergênicas. As fórmulas são prescritas individualmente em volumes diferentes para cada bebê, de acordo com a capacidade gástrica deles. São oferecidas em intervalos frequentes em copinhos ou mamadeiras de um milhão de tipos diferentes. 


Seu Pediatra deverá ser capaz de preparar você para isso também. Se não der certo o ideal, a alternativa existe graças a Deus. E você será uma super- mãe, entendendo o que é melhor para o seu filho. Nunca duvide de sua capacidade de ser mãe!

terça-feira, 15 de março de 2016

Amamentação! Parte III - O que que tem? - Por Dra. Fernanda Catharino

E aí você é convidada pra falar de amamentação.... o que dizer? Como não amar? É o momento mais sublime da relação mãe- filho! Na verdade é um momento que a mamãe é insubstituível, e por isso um momento  tão dela. Como sabem eu sou Fernanda Catharino, Pediatra por amor e vocação e sem dúvida a maior fã da especialidade que escolhi!

Mas será tão fácil assim? Tão natural assim? Automático? Quem dera gente! É um momento que a mamãe precisa de muito apoio, muita paciência e de muita parceria.

O leite materno é a forma mais antiga, mais sabida e mais apropriada para alimentar uma criança. Ele é completo, rico em absolutamente tudo que um bebê precisa até os 6 meses de idade. Mas atenção, a decisão de amamentar é exclusivamente materna! E o apoio e a participação da família caminham junto desta decisão. Acho importante a futura mamãe buscar todo tipo de conhecimento a partir do momento que descobre-se grávida. O tema está cada vez mais presente na vida das famílias, em rodas de conversas entre amigos e em cursos preparatórios. Toda informação é de grande valia!

Vou tentar resumir em algumas palavras o que é este líquido completo e o que ele oferece de tão bom para nossas crianças.

Já sabemos que o leite materno contribui e muito para proteção do bebê de uma forma geral. O bebê alimentado no seio tem risco reduzido de ser acometido por diarréias, doenças respiratórias, alergias, obesidade, desnutrição, tem um melhor desenvolvimento cognitivo e melhor desenvolvimento da cavidade bucal. O aleitamento materno é capaz de promover um vínculo afetivo absoluto entre mãe e filho!

O sucesso do aleitamento materno depende muito do contato mais precoce possível com o seio materno. Quando possível esse contato pode e deve ser feito ainda na sala de parto, mesmo que para o primeiro reflexo de lambida. O leite materno tem uma composição homogênea. Nos primeiros 10 dias de vida essa secreção láctea é denominada colostro. Passado este tempo, alcançamos o chamado leite maduro. O colostro é importantíssimo para o bebê, mas frequentemente causa insegurança na mãe. Ele não sai em grande quantidade. E com isso começam as perguntas que ameaçam uma historia de aleitamento pela frente.  #Será que na tenho leite?#, “Será que meu leite é fraco?” como é importante tranquilizar essa mãe.... Não existe leite fraco! Não deixe sua ansiedade te atrapalhar! O colostro é rico em imunoglobulinas principalmente IgA (que protege o tubo digestivo do bebê de infecções), e tem mais proteínas e menos lipídeos. Com o passar dos dias, o leite modifica-se e podemos dividi-lo em duas partes principais: o chamado leite anterior é o leite que confere a hidratação do bebê; já o leite posterior é aquele que confere saciedade, é mais rico em gordura, e é aquele que favorece o ganho de peso da criança. Mas como saber se o bebê chegou a sugar todo o leite? Costumo tranquilizar as mamães explicando que a percepção de mama cheia e mama vazia não é imediata. Conforme acontece o processo de sucção a liberação hormonal começa a agir e a mãe começa a perceber esses sinais no corpo. Mas e afinal, o que é uma boa mamada? Uma boa mamada é quando um bebê choroso, alerta e agitado é levado ao seio e através de uma posição adequada e uma boa pega ele vai se acalmando a medida que vai sugando. E o que é um mãe atenta? É uma mãe entregue ao seu momento, capaz de perceber que a livre demanda é uma ato de amor extremo, é uma mãe que tem certeza que é capaz de alimentar seu bebê e que sem duvida está oferecendo o melhor pra ele.

Seu bebê deve ser amamentado até os seis meses de idade exclusivamente. Isso significa que não é necessário oferecer chás, sucos e água para nenhuma criança até essa idade. Após os seis meses o preconizado é a introdução gradativa de alimentos e o aleitamento deve ser mantido, sem necessidade de oferecer fórmulas industrializadas até os dois anos de idade.


Amamentar um bebê é um ato de amor! Seu bebê merece isso! Façam boas escolhas: escolha quem te apoia, quem tire suas dúvidas, quem te ensina. Conte com pessoas positivas ao seu lado. Faça questão de profissionais especializados e atualizados para essa história de sucesso!

sexta-feira, 11 de março de 2016

Amamentação! Parte II - Pra quem tem peito!!! - Por Isadora Ribeiro

Ola meninas, 
Meu nome é Isadora, tenho 25 anos e sou mãe do Arthur de 2 anos e meio. Adoro escrever, falar, contar experiências e por isso estou aqui com muito prazer para contar para vocês como foi um pouquinho da minha experiência traumática da amamentação, e o que aprendi com ela;

Bem, engravidei do Arthur de surpresa, naquelas trocas do remédio e prestes a casar. Foi um belo sacudidão, mas tudo MUITO, MUITO NOVO.
Me preocupava muito com várias coisas, mas no auge dos meus 23 anos, algumas coisas que me falavam, principalmente os mais velhos, eu não dava muita importância, CONFESSO! 
Uma das coisas era a amamentação, diziam para colocar o seio no sol, massagem, pomada... e eu não tinha noção que os meus bicos invertidos nos dois seios, mereciam um cuidado redobrado. Com 5 para 6 meses de gravidez, começava a sair colostro de ambos os seios, eles já estavam enormes...  Aos 8 meses, após o banho quente, eles jorravam leite para quem quisesse.
Achava aquilo normal, e quando dividia com alguém ouvia: "Graças a Deus!", "Quanta fartura!"...
E era, realmente muita sorte a minha... Comecei a ler, e tentar me dedicar mais ao cuidado com o seio, já estava quase chegando aos 9 meses... 
Li então que o estimulo de bicos nesse caso, com tanto leite já saindo antes do neném nascer, o corpo receberia um estimulo e eu poderia ter um parto prematuro (não faço ideia de isso é verdade, e eu erroneamente não fui atrás para saber.)

Um dia, com 37 semanas e 6 dias, começam as minhas contrações. Era Arthur, vindo ao mundo...foram 14 horas em trabalho de parto, uma pressão subindo e nenhuma dilatação. Recorremos para cesárea, e lá nasceu ele... 47 cm, 2,555kg. Na hora me assustei, esperava um neném maior, mais gordo ( porque era assim que as amigas contavam que era uma criança saudável!)  e logo tomei uma chamada do pediatra que disse: "Mãe, seu neném é forte e saudável." 

Tudo certo e fomos para o quarto. Chegando lá, cadê o bico? cadê a mãe experiente que tinha se preparado para amamentação? Não existia!
Existia uma mãe, diante do olhar de preocupação da família inteira ao lado de uma enfermeira grosseira, que apertava o meu seio como se fosse uma buzina, e me ameaçava em tom rude: "Anda, você precisa fazer com que ele pegue no peito, se não pegar, fará uma hipoglicemia e eu vou interna-lo na uti." Eram todos os parentes tentando me acalmar, e eu chorando, pensando na tal da uti neo natal. 

Na hora, uma dor de cabeça muito forte tomou conta de mim. Era a tal da pressão alta que participou de toda minha cesárea, mandando noticias.
O médico assistente entrou e precisou me dar uma medicação, tirar algumas pessoas do quarto, me deixar quieta e sem falar, para que a pressão se estabilizasse. 
Pronto! Aquele momento maravilhoso, minha alegria no centro cirúrgico, minha ansiedade em ver meu filho... ia embora, junto com ele de volta para o berçário, para tomar o famoso "complemento"

No inicio da noite, fui orientada a comprar uma concha, onde auxiliaria a amamentação.
Olhava para o meu seio enorme, e roxo, com marcas de dedos, de tanto que havia sido apertado. Doía, mas eu já esperava o tal sofrimento que era amamentar.

O Arthur pegava o peito, mas era por pouco tempo. Durante os dois dias de hospital, ele fazia testes de glicose para saber da hipoglicemia, e as mamadeiras de suplemento vinham...

fomos pra casa, com a tal receitinha de leite em formula. O Arthur mamava, mas tão pouco... e eu jurava que ele precisava daquela formula do hospital. Se lá, médicos, enfermeiros davam, era o melhor para o meu filho né?

Com 10 dias pós parto, acordei com uma febre, dores de cabeça e seios duros... Dessa vez, era uma mastite... que fazia com que a amamentação fosse o tal tormento tão falado.
Foi a pior fase, a mais difícil, seios assados, mastite, febre... e um neném querendo peito todo tempo.

Era a família cobrando, minha mãe que quando me via sofrendo dizia: "eu sofria assim também, doí mesmo, mas você precisa dar..."
eu chorava e sim, intercalava as mamadas com suplemento, para que pelo menos por 1 horinha o meu peito pudesse ficar de molho em pomadas restauradoras.

Quando comecei a me adaptar ao bico de silicone, curtindo a amamentação, meu leite seca... SECA, do dia pra noite, ACABOU...
tomaaaaaa-lhe critica, tomaaaaaaaaa-lhe julgamento, tooooooma-lhe gente dizendo: "Você não se esgotou nas tentativas" 

Fui criticadas por pediatras, Arthur de fato era uma criança que adoecia com facilidade ( eu atribuo isso à uma junção de coisas, péssima escolha de pediatra - porque eu penei ate arrumar a alma iluminada que tenho hoje, falta do leite materno SIM, alergia alimentar e etc.)
Cheguei a entrar em um consultório uma vez, e quando contei que Arthur tomava o famoso NAN, o médico disse: "Você está matando seu filho"

Com um ano, tentei voltar para amamentação, corri atrás, pesquisei remédios, conversei com pessoas, mas a reciprocidade da própria pediatra da época não era boa. Disse que isso era idade de tirar peito, eu trabalhava fora... era loucura minha.

Bem, aprendi com isso que a Mãe, a Sogra, a Tia, e até aquela amiga que são radicais e dão conselhos grosseiros sobre a amamentação, não estão totalmente erradas. 
Que precisamos sim, ler, frequentar cursos de amamentação assim que descobrirmos que estamos grávidas, que precisamos ter muita paciência e dedicação, pois pelo menos eu, classifico a parte mais delicada e merecedora de atenção da vida mãe x filho.

Mas o mais importante, NINGUÉM DEVE JULGAR NINGUÉM. Seja você a mãe que conseguiu amamentar até os dois anos, ou você a mãe que não quis, ou não conseguiu. Cabe a cada um, sua escolha.
Todas as vezes que nós mães ouvimos uma critica em relação a isso, um apontamento, um julgamento... vocês esmagam nosso coração, e nos diminuem sim, nos fazem ter sentimentos de fracasso horríveis, e a sua ajuda, seu conselho tem efeito contrário sobre nós.

Hoje Arthur com 2 anos, eu vejo que ser mãe é MUITO ALÉM disso. Onde houve o erro? Eu não sei... mesmo listando alguns acima, eu não me julgo ainda uma mãe errônea, uma mãe displicente... 

Arthur hoje é saudável como era no primeiro dia que nos vimos, eu vivo por ele, e não foi uma boquinha sugando meu peito que fez esse amor tão lindo nascer entre nós.

SEJAM APENAS MÃES, o resto façam o melhor que puderem, e nunca deixem ninguém diminui-las. Ser mãe é difícil pra caramba, mas a gente consegue! 

segunda-feira, 7 de março de 2016

Depressão Pos-parto! Parte IV - Porquê algumas mulheres desenvolvem depressão pós parto?


Como o Dr. Rodrigo Toledo bem disse, a maternidade é uma benção! Mas ao contrário do que se imagina, o período de gestação nem sempre é marcado por alegrias e realizações. Muitas mulheres experimentam tristeza ou ansiedade nessa fase de suas vidas. A literatura científica aponta para a gravidez e o pós parto, como as fases de maior prevalência de transtornos mentais na mulher, principalmente no primeiro e no terceiro trimestre de gestação, e nos primeiros 30 dias de puerpério. Esse quadro depressivo pode aparecer até cerca de 7 meses após o parto, podendo se estender por um período de aproximadamente de 2 anos.

Mas quais seriam os motivos para isso acontecer? Existem fatores de risco que possamos identificar com antecedência? As alterações hormonais que acontecem nessa fase poderiam explicar a alta incidência da doença?

Na literatura, vários estudos chegaram às mesmas conclusões, e os principais fatores de risco já estão muito bem estabelecidos. São eles: o baixo suporte familiar, gravidez não planejada/desejada, histórico de depressão ou transtorno psiquiátrico pessoal ou familiar, depressão durante a gravidez, complicações durante o parto, doença no bebê, características de personalidade, baixa autoestima, baixo nível socioeconômico, baixa escolaridade, obesidade, ansiedade e privação sono extremos.

Ou seja, o contexto social, familiar, e a sensação de realização pessoal e satisfação com relação à gravidez, o parto e a maternidade, são determinantes para o desenvolvimento de depressão pós parto.

Ok. Mas porque então, algumas mulheres que tiveram gestações planejadas, o parto desejado, e que a princípio não se enquadrariam nesses fatores de risco, também estão sofrem desse mal?
É fato que os hormônios exercem uma grande influência sobre o humor e as emoções, e que isso é, extremamente, relevante quando se fala de mulheres. O que sabemos hoje é que, algumas mulheres possuem uma sensibilidade particular às variações hormonais, e que já se manifestam desde o período menstrual. Um bom exemplo seria a tão conhecida TPM (tensão pré-menstrual), onde algumas delas se mostram mais irritadas e sensíveis do que outras, e que apresentam melhora considerável com uso de anticoncepcional contínuo, ou seja, quando essas variações são minimizadas.

Durante a gravidez, há um aumento significativo de vários hormônios como a progesterona, o beta-HCG, e o estrogênio que pode subir, por exemplo, em até 30 vezes. Essas alterações são importantes para que haja a manutenção da gravidez e para que ela transcorra de forma saudável, mas algumas mulheres já experimentam nessa fase, uma instabilidade emocional. Depois do parto, mais uma vez, ocorrem mudanças drásticas nos níveis hormonais. O estrogênio e a progesterona que estavam altos, caem subitamente, e, em contrapartida, outros hormônios aumentam, como a prolactina e a ocitocina. O que sabemos é que naquelas mulheres que já são suscetíveis a variações hormonais, esse “sobe e desce” hormonal pode ser um facilitador para o aparecimento de transtornos psíquicos.

É preciso ter em mente de que a gestação e o puerpério são períodos no qual a mulher passa pelas maiores transformações da sua vida, e que isso não se restringe apenas às variáveis hormonais e bioquímicas. Junto com o bebê, nasce também uma nova mãe, um novo pai, um irmão, avós, primos e tios... nascem novos papéis e com eles novas responsabilidades e novas relações... nascem preocupações, medos, inseguranças... nascem novas necessidades, demandas, ajustes e novos custos de vida. A intensidade com que essas alterações irão impactar na saúde psíquica, irá depender de fatores orgânicos, familiares, conjugais, sociais, culturais e da personalidade de cada gestante.

Enquanto médica, mulher e mãe, pude experimentar, na pele, o impacto dessas alterações depois do parto da minha primeira filha. E posso dizer que não foi nada fácil. Mesmo tendo sido uma gestação desejada, e apesar de todo o conhecimento que eu tinha, os primeiros meses do puerpério foram “trevas” pra mim.

Pra começar, eu não consegui sentir o tal “amor de mãe” que todo mundo fala que surge na hora que vc olha pro seu filho pela primeira vez. Aliás, ele também não surgiu quando eu olhei pela 2a, 3a, e nem pela 10a vez. Pra falar bem a verdade, esse amor não “surgiu”; ele teve que ser construído ao longo do tempo, com muita ajuda e muita terapia. Consequentemente, eu não tinha vontade de cuidar dela, achava tudo chato e trabalhoso, e só fazia as coisas por obrigação. Eu ficava irritada por não conseguir fazer nada do que eu queria e ter que ficar 24h à disposição de uma criança que nem sequer sabia quem eu era. Eu não reconhecia o meu corpo, e ver o peito vazando leite me fazia questionar o tempo todo: “O que é que eu fui inventar? Ah se eu soubesse disso antes... e pior é que agora não tem volta.” Eu me aborrecia com meu marido, com a minha mãe e com meus amigos. Comecei a não querer ver mais ninguém, e pensei que a minha vida tinha acabado ali. Pra piorar, todos esses sentimentos e pensamentos geram muita vergonha e muita culpa, o que faz tudo tomar uma proporção ainda maior, como num efeito de “bola de neve”. Eu ficava me sentindo um monstro, uma pessoa terrível, uma mãe péssima e cruel. E não tinha coragem de falar pra ninguém as coisas que eu realmente pensava ou o que eu sentia, de “tão feias” que elas soavam pra mim mesma, e com medo de represálias.

Inconformada de estar triste no momento mais feliz da minha vida, fui buscar ajuda e tratamento. Fui melhorando gradativamente, mas nem tão rapidamente assim, e só quando minha filha tinha cerca de 1 ano e 2 meses, foi que eu consegui pensar em engravidar novamente, tamanho o medo de viver tudo aquilo outra vez. Na segunda gestação, prometi a mim mesma que não deixaria isso se repetir, e com ajuda profissional, eu re-escrevi a minha história. Hoje eu sou completamente louca por eles e não imagino o que seria de mim se não tivesse sido mãe!!! Mas como eu disse, não foi nada fácil. Ainda existe muito preconceito em relação à depressão, quem dirá quando ela acontece na gravidez e e no puerpério!

Assim como eu, muitas e muitas mulheres sofrem de depressão pós parto, e apesar de algumas terem um quadro um pouco mais leve, como uma melancolia, ansiedade, ou tristeza profundas, os repercussões na qualidade de vida da mulher e da família como um todo se mostram muito importantes. Posso arriscar dizer que, quase todos os dias atendo uma mulher que vive esse drama “em segredo”. E elas choram, aliviadas, quando percebem que alguém entendeu o que elas estão vivendo, que elas não são as únicas a passar por isso, e que existe um tratamento pra que elas possam, finalmente, desfrutar de todas as delícias e maravilhas do mundo da maternidade.

Então, se vc está gestante e percebeu que apresenta alguns dos fatores de risco citados acima, fique atenta, e acima de tudo, não tenha preconceito! Procure um médico se julgar necessário! O mais importante é estar bem, para poder cuidar do seu maior bem: seu filho. E se vc já teve bebê e passou (ou está passando), por uma experiência parecida, e nunca teve coragem de falar pra ninguém, bem vinda ao clube! Nós somos muitas! Kkkk. Não precisa se sentir um extraterrestre, e nem a pior das criaturas do mundo. Isso acontece nas melhoras famílias, rs. Mas não deixe de buscar ajuda.

Acreditem, tudo pode ser diferente, e a maternidade pode ser a melhor experiência da sua vida!!!


Dra. Priscila Pyrrho