Olá Mamães!
Meu nome é Rodrigo Toledo, 41 anos, sou Médico Psiquiatra, com Residência Médica pelo Instituto Philippe Pinel - RJ, Pós-Graduado em Geriatria e Gerontologia pela UFF, com 16 anos de experiência em Psiquiatria, atualmente atuando apenas em Consultório Médico. Casado e feliz com Thatiana Toledo, Pai do Rafael de 5 anos e da Victoria de 1 ano e 7 meses. Músico Amador nas horas vagas e Apaixonado pelos Beatles.
Recebi o convite da Renata, para escrever no Blog sobre o assunto Depressão Pós-parto. Apesar de ser a primeira vez que escrevo em um Blog, fiquei feliz com o convite e super motivado, visto ser um assunto de suma importância e de meu dia a dia em consultório. A idéia não foi apresentar um texto técnico, como termos Médicos, mas passar um pouco do que é a Depressão Pós-parto, de uma forma mais informal.  Espero que gostem e que eu possa ter elucidado mais sobre o tema.
Maternidade é uma Benção! Alegrias, Realizações,
Sorrisos, cheirinho de bebê, roupinhas, expectativas,... mas também
responsabilidades... Muitas e muitas responsabilidades. Cansaço, noites mal
dormidas, exaustão, mudanças no corpo. Imagine somar a essa equação um Quadro
de Depressão pós-parto.De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Depressão pós-parto afeta entre
10% e 15% de mulheres em países industrializados e, entre 20% e 40% de países
em desenvolvimento. Nos Estados Unidos, uma em cada sete mulheres passa por
este problema.
Na Psiquiatria, a fronteira entre o Normal e o Patológico é
muito tênue e, a primeira dúvida que todos temos, quando falamos de Depressão é: Como
eu vou saber se é Tristeza ou Depressão? Qual a diferença entre Tristeza e Depressão?
Costumamos dizer, de maneira sucinta, que a tristeza costuma ser momentânea e a Depressão não, necessitando de acompanhamento
Médico Especializado. A Tristeza é um sentimento e faz parte da condição
humana. Não vivemos felizes todos os dias, o mês todo, o ano todo e, nem por
isso sofremos de Depressão.
Se você me disser que perdeu um parente, um amigo, seu animalzinho de estimação
e esta dando festa, isso sim seria anormal. A tristeza, nesses casos, é
condizente, coerente, com seu momento de vida. Depressão é uma condição Clinica, uma patologia,
não momentânea, não necessariamente condizente com seu momento de vida, que
necessita de Tratamento Psiquiátrico. As causas de Depressão são variadas: além das Psicossociais, falamos
também de alterações de Neurotransmissores, de Fenda Sináptica e Receptores,...
mas esses são outros assuntos que, nesse texto não precisam ser abordados,
visto a complexidade dos mesmos.
Trazendo esse conceito que acabamos de discutir para o tema Depressão pós-parto, qual a diferença entre Tristeza Materna ( Baby Blues ) e Depressão Pós-parto. De maneira mais simplista, podemos dizer que a Tristeza
Materna pode acometer até 2/3 das Puérperas, iniciando nos primeiros 10 dias do pós-parto, com sintomas de irritabilidade, oscilação do humor,
choro fácil, indisposição. Sintomas que não causam tanta alteração no
funcionamento da mulher. A diferença para a Depressão, seria a intensidade e o tempo de permanência desses
sintomas. Digamos que persistindo esse Quadro, após 6 a 8 semanas, já pensamos
em Depressão Pós-parto. Casos mais graves de Depressão Pós-parto, podem permanecer por até 2
anos. Alguns estudos apontam que mulheres com Quadro de TPM mais severa,
antes da gestação, são mais propensas a Depressão Pós-parto.
Não podemos deixar de considerar, também, que problemas
psicossociais antes ou durante a gestação, também aumentam a prevalência de Depressão Pós-parto. Estamos falando, entre outras coisas, de Gravidez não
desejada, não aceita pela família, situação civil irregular, etc. Fatores
esses, que podem desestabilizar emocionalmente a Gestante.
Outro estudo aponta que Gestantes mais jovens são mais
propensas a Depressão Pós-parto. A variação estatística, segundo estudos, mostra uma
diferença de 23% para as mais jovens e de 11% para as restantes.
Sendo assim, os sintomas mais comuns da Depressão Pós-parto são:
·      Tristeza com piora no início da Manhã. Iniciar o dia é
sempre um martírio;
·      Sem objetivo, planos para o futuro;
·      Ansiedade, que se intensifica mais a noite e prejudica o
sono. Como se a cabeça não parasse de pensar, não desligasse;
·      Irritabilidade;
·      Choro fácil;
·      Humor oscilante;
·      Défict de Concentração;
·      Baixa estima;
·      Estranheza ao próprio bebê, como se não fosse seu filho;
·      Perda de libido;
·      Excesso ou perda de apetite;
·      Falta de energia.
O Tratamento deve ser conduzido em 4 frentes:  o Psiquiatra, o Psicólogo, o
Ginecologista e o Pediatra. A idéia não é apenas recuperar a Saúde mental da
mãe, mas também prevenir distúrbios no desenvolvimento do bebê e no
relacionamento familiar.
O Tratamento Psiquiátrico é conduzido como se fosse uma Depressão Maior e, o uso de Antidepressivos é
indicado. O sucesso com o uso de Antidepressivos requer disciplina da paciente
e de sua família com o uso desses remédios. O Antidepressivo não é um
medicamento que faz efeito na hora! Em média, o paciente começa a sentir os
primeiros efeitos positivos após 10 a 15 dias. Deve-se usar o medicamento
sempre no horário marcado e, todos os dias. Deixar de tomar um dia vai atrasar
o benefício esperado pelo paciente. Bebidas alcoólicas não devem ser associadas. O Álcool é um
Depressor do Sistema Nervoso Central. Diminua bastante o consumo de cafeína. A cafeína aumenta a
Ansiedade. Evite bebidas à base de Cafeína, como Café, Coca-Cola, Mate, Chá
Preto, energéticos como Red Bull.
Outra questão importante é que os Antidepressivos são
medicamentos que passam para o leite materno. Aqui entra um ponto
importantíssimo: a Amamentação. Nesse momento, solicitamos a participação do
Pediatra. O Psiquiatra deve avaliar a relação custo-benefício de medicar a
paciente que esta amamentando. Medicina não é Matemática. Não somos uma ciência
exata e a regra é: Cada caso é um caso. A individualidade do Quadro Clínico de
cada paciente deve ser respeitada. Existem pacientes que usam o Antidepressivo e
param a Amamentação. Em outros casos, conseguimos esperar a Amamentação e entrar
com o Antidepressivo mais tarde. Em outros ainda, usamos o Antidepressivo e a
Amamentação vai aos poucos sendo retirada. Essa avaliação deve ser feita pelo
Psiquiatra, com a Colaboração do Pediatra. Os Antidepressivos mais estudados,
que menos estão presentes no leite materno foram a Sertralina e a Paroxetina.
Então, mamães, a Depressão é uma doença séria e deve ser levada a sério. Busque
Profissionais Especializados para conduzir seu tratamento. Você deve procurar
um Psiquiatra e um Psicólogo.
A participação dos Familiares, principalmente do Marido,
é fundamental. Lembre-se que você é PAI e Marido, não apenas um Ajudante! E eu
sei o que estou falando, sou Pai e marido também. Procure não apenas a melhora de seus sintomas, mas também
retornar a Qualidade de vida. Qualidade de Vida é Saúde Mental, Atividade
Física, Lazer, Vida Social,... Mesmo com um bebê pequeno, podem e devem ser
retomadas. Se preciso for, use medicamento. Não tenha preconceito!
Por isso, escolha um Profissional Especialista para fazer seu Tratamento. Não
significa que você vai tomar remédio a vida toda! Esse talvez, seja o maior
medo de todos os pacientes.
E por fim, lembre-se: Deus lhe deu o maior presente de
sua vida e, Ele não lhe daria se você não pudesse cuidar! 
 
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