Olá.
Sou Alexandre Peres, médico anestesiologista, casado e pai de duas figuras: o
Eduardo de 10 anos e da Laura, de 5. Fui formado na Universidade Federal
Fluminense e me especializei no Hospital da Lagoa. Amo minha especialidade e
estar no centro cirúrgico.
Minha relação com a Renata começou
como paciente e, depois, como amiga.Tive o prazer de acompanhar nessa condição,
de amigo, o nascimento do Jonas e agora recebo honrado o convite de participar
do blog.
A anestesia ainda é um dos maiores medos de qualquer pessoa que entra em uma
sala de cirurgia como paciente. É uma área repleta de mitos, estórias e desconhecimento.A anestesia permitiu o desenvolvimento da clínica
cirúrgica e nas últimas 3 décadas foi uma das especialidades que mais
se desenvolveu, com novas drogas, mais seguras, monitorização mais avançada e
formação do médico anestesiologista.
Quando falamos sobre anestesia
precisamos falar de dor. Na origem dos tempos, a mulher recebeu o castigo
divino da dor durante o trabalho de parto. Será que essa dor é real ou
apenas impressão? Na verdade, a dor é um fenômeno duplo, físico (objetivo) e individual
(subjetivo) ou psicossomático.
A dor é uma sensação que varia de pessoa a pessoa. Durante o trabalho de parto a
dor depende de muitos fatores desde o tamanho e posição do bebê até a força e freqüência das contrações uterinas.
Em obstetrícia, dois métodos são mais comumente utilizados durante
o parto: a
analgesia, que é o alívio da
dor, para o parto normal e a anestesia,
que é a interrupção total da sensibilidade, para o parto cesáreo.
A anestesia regional é a mais
utilizada em cesareanas. São os
bloqueios espinhais, a peridural e a raquianestesia. Aplicadas nas suas costas,
na altura da coluna lombar, ela inibe a
sensação dolorosa e motora de uma região do
corpo, mantendo a consciência. Você não sentirá dor, e ficará acordada durante todo o procedimento, acompanhando o
nascimento de seu filho, podendo vê-lo assim que nascer e for avaliado pelo pediatra.
Já no parto normal a gestante precisa colaborar com o procedimento,
auxiliando durante as contrações. A analgesia permite um maior conforto para a
mãe, controlando a dor, mas ao mesmo tempo evita o bloqueio dos movimentos das
pernas.
Podem ser
feitos analgésicos sistêmicos, por via venosa, ou regionais , através da peridural, da
raquianestesia ou das duas técnicas combinadas. A analgesia regional é mais eficaz,
segura para a mãe o bebê, com poucos efeitos colaterais.
Como
é feito o procedimento? Você ficará em posição sentada ou deitada de lado. Suas costas serão limpas com uma solução
alcoólica, será colocado um campo cirúrgico, o médico anestesista vai examinar suas costas e decidir o
melhor local para a punção. É feita então uma anestesia local na pele e logo abaixo
dela. Essa anestesia local arde nos primeiros segundos, mas depois não
sentirá mais dor.
Qual a
diferença entre a peridural e a raquianestesia? A técnica tem muitas
semelhanças, como preparação e o posicionamento. No bloqueio peridural é utilizada
uma agulha mais grossa que na raqui; são utilizadas doses e volumes diferentes
de anestésicos e adjuvantes ao bloqueio; geralmente a raqui tem
maior bloqueio motor e sensitivo que a peridural, e o espaço
anatômico onde o anestésico é depositado é mais anterior (superficial) na peridural, o que permite
que ela seja aplicada em qualquer local da coluna vertebral, enquanto a raqui é somente
feita da região lombar para baixo.
A analgesia não retira totalmente a dor, mas torna o trabalho de parto
tolerável e confortável para a equipe e a paciente.
Em alguns
casos é realizada anestesia geral, como em pacientes com algumas
cardiopatias.
Qual a melhor técnica? O seu anestesista decidirá a melhor técnica baseada em você, seu bebê e o momento
do parto. Confie no entrosamento da equipe, tire suas dúvidas, pergunte, conte seus medos e expectativas.
Espero ter
ajudado as futuras mamães, diminuindo um pouco a ansiedade em relação a
anestesia.
Um beijo!
Alexandre