quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Sobre como eu fui quando fui diabética na gestação - Por Bia Mello

Sabe aquele exame, que fazemos na gravidez, que temos que tomar aquele xarope horroroso e ficar de castigo no laboratório, por algumas horas, para coletas de amostras de sangue? Só de lembrar, já deu um arrepio, não é? Agora, imagina só… eu fiz 3!

Mas, vamos voltar um pouco no tempo, alguns meses antes do primeiro exame da curva glicêmica.

Minha gravidez foi planejada. Para falar a verdade, fiquei surpresa por ter conseguido engravidar rápido. Sempre fui muito ansiosa e achava que isso atrapalharia as coisas. Mas nada como férias, não é mesmo? 

Os primeiros meses da gestação foram um mix de alegria e muito, mas bota muito enjoo. Perguntei para várias amigas se aquilo era normal. Pesquisei na internet todas as dicas, receitas da vovó, mandingas, qualquer coisa que fizesse passar aquele terrível mal estar. E o pior, é que as sugestões de “tratamento” eram para mulheres que enjoavam pela manhã, o que não era o meu caso. Eu passava muito mal a tarde. Parecia que o almoço queria bater longos papos comigo, até de noite e ficava no meu estômago, reinando soberano.

Resultado… só nos primeiros 5 meses, engordei quase 10kg. Sim! O que algumas mulheres engordam numa gravidez inteira. Por causa desses enjoos e por não conseguir manter uma alimentação regrada, engordei mais da metade do que ganhei de peso, durante toda a gestação.

Resultado 2… o exame de curva glicêmica indicou que eu estava com diabetes gestacional. Embora o ganho de peso tenha sido muito rápido e o histórico da minha família, também, favoreça a diabetes, foi um senhor surto, um verdadeiro soco no estômago. Acho que com aquele resultado, foi a primeira vez que me senti mãe. Tinha alguém dentro de mim, que dependia, realmente, do que eu fizesse aqui fora para se desenvolver bem, lá dentro.

O primeiro puxão de orelha foi da obstetra, que em um e-mail curto e direto, indicou que eu procurasse um endocrinologista e um nutricionista, o mais rápido possível. Não pensei duas vezes, encaminhei o e-mail para a minha nutricionista, aquela que eu deveria ter procurado, logo depois das férias, quando descobri que estava grávida. Segundo puxão de orelha! A dieta era muito restritiva. Mas para mim não importava, agora, era pela minha filha. O terceiro puxão de orelha veio do endocrinologista, este pelo menos era a primeira vez que me via. Foi indicação de uma amiga que, também, teve diabetes gestacional. Acho que o puxão de orelha, quem me deu, fui eu mesma durante a consulta, quando ele me explicou, com detalhes, o que poderia acontecer se eu não controlasse a glicose durante a gravidez. Tenso!

Passei uma semana pianinho! Seguindo todo o plano da nutricionista, mas não teve jeito. Mesmo controlando a alimentação, tive que usar insulina. Até que com o tempo, já estava na rotina os furos no dedo, e as picadas nas cochas e nos braços. Fora os roxos... Porque, uma coisa que eu tenho é boa mira! Como eu fui boa em acertar vasos com a aplicação da insulina e a minhas cochas e braços ficarem com pontos roxos. 

Claro que tinha o lado bom da história, toda história tem. Fui liberada para fazer hidroginástica e era a parte mais divertida do dia. Eu e as minhas amigas da terceira idade. A barriga ia crescendo e o número de vovós aquáticas que a Lara ganhava, também. Adorava estar dentro d’água. Era o único lugar com aquela barriga toda que eu me sentia leve e conseguia fazer os movimentos, pelos menos a maioria, porque tocar os dedos do pés com as mãos, era missão impossível. Conseguia até correr! Meu marido que ficava “preocupado” porque com tanta agitação, lá dentro a Lara tinha é que se segurar muito bem pelas paredes! kkkkk.

Não foi fácil! Mas também não foi o fim do mundo! Fui muito mais paparicada! Não podia comer na rua, mas quando ia na casa de alguém, sempre tinha alguma coisa especialmente preparada para mim. Minha bolsa pesava tanto quanto eu, com tantos lanches e alimentação “plano B”. Nunca comi tão saudável e tão bem, em toda a minha vida. Embora, toda ultra fosse um momento de apreensão, para saber se as medidas da Lara estavam dentro do normal. Era um alívio e uma felicidade saber que eu estava fazendo bem para a minha filha. E a cada nova consulta com a obstetra, ao invés de bronca pelos quilos a mais, era uma alegria pelos quilos a menos. Consegui emagrecer durante a gravidez. Eu perdi peso e a pequenininha lá dentro, ganhava. 

Então chegou o dia dela nascer. Eu queria muito o parto normal, mas tive um rompimento alto da bolsa e em função do risco de infecção pela diabetes gestacional, Lara nasceu de cesariana, mesmo depois de algumas tentativas de indução. Ainda por causa da diabetes gestacional, tanto eu quanto ela tínhamos nosso dedo e pezinho furados enquanto estivemos na maternidade. O risco dela nascer diabética ou fazer um quadro de hipoglicemia existia, mas, felizmente, eu cuidei muito bem da minha filha!


Saber que você está diabética na gestação é duro! Por isso, não deixe o sentimento de culpa e os “se” dominarem você. Procure uma boa equipe de saúde para te orientar e assuma seu papel de mãe. 

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