À convite da Renata, vou dar aqui o meu relato do parto do meu filho Theo, que hoje tem 1 ano e 11 meses. Eu acho que desde sempre, mesmo antes de engravidar, nunca tive dúvidas de que eu tentaria parto normal. Quando descobri que estava grávida, comecei a estudar e pesquisar sobre parto normal e percebi o quanto eu desconhecia sobre o assunto, "falta de dilatação", "não tem passagem", "cordão enrolado no pescoço", "bolsa rota", "mecônio", quantos mitos existiam em relação ao parto normal. Aos poucos, fui entendendo como se dava todo o processo do trabalho de parto e, munida destas informações, tive ainda mais certeza de que o parto normal era a melhor escolha para mim e meu filho.
Na segunda consulta com minha obstetra, já conversei com ela sobre este assunto e ela disse também ter preferência pelo parto normal, mas que ela cobrava uma taxa de disponibilidade já que o plano de saúde não paga ao médico e sua equipe pelo tempo em que ficam com a paciente em trabalho de parto, paga somente o parto. Como já havia lido que esta taxa de disponibilidade era uma prática comum e já esperava que ela fosse me cobrar, aceitei pagar, afinal achar médicos que façam parto normal pelo plano é praticamente impossível.
Conversamos muito, durante toda a gestação, sobre quais procedimentos gostaria que não fossem feitos durante o parto, como episio e indução, a primeira combinamos que não seria feita, já a segunda, seria realizada somente se houvesse uma necessidade real. À principio, também tentaria não tomar nenhuma analgesia para não atrapalhar a evolução do trabalho de parto, mas, de qualquer forma, haveria um anestesista, até para o caso de ter que se realizar uma cesárea.
Minha gravidez seguiu da melhor forma possível, tudo indicava que não teria nenhum impedimento para realizar o meu tão sonhado parto normal.
Com 41 semanas e 3 dias, por volta de meio dia, comecei a sentir umas contrações, bem fracas e sem muita frequência, mas conseguia identificar que eram diferentes da contrações de ensaio que senti por volta das 36 semanas. Fiquei animada, finalmente Theo estava chegando! Passei o dia monitorando as contrações para ver elas já estavam ritmadas, mas para minha frustração, no final do dia, não sentia mais nada. No dia seguinte, acordei sem sentir as contrações, uma vez ou outra, durante o dia, sentia algumas mas sem muita intensidade, fui na minha médica e ela verificou que ainda tinha dilatação, voltei para casa frustrada achando que teríamos que partir para indução. Mas, no dia seguinte, acordei sentindo as contrações novamente, agora um pouco mais intensas e ritmadas, no meio do dia fui no consultório da minha médica e ela viu que estava com 2 cm de dilatação e pediu que eu voltasse lá no final do dia. Às 18 hrs, ela me examinou novamente e viu que já estava com 4 cm e, a essa altura, as contrações já estavam beeeem mais intensas, e com intervalos de 5 minutos. Voltei para casa para esperar evoluir um pouco mais e por volta das 20 hrs fui para a maternidade.
Chegando lá, já estava com 7 cm, fui para uma sala de pré parto, e me colocaram no soro. Sentia que a cada contração, a intensidade aumentava um pouco mais, isso, de alguma forma, preparava meu corpo para suportar a dor que ficava cada vez mais intensa. Minha médica pedia que eu fizesse força, mesmo sem ter vontade, eu empurrava, porque achei que isso poderia ajudar o Theo a descer. Até que em um determinado momento, as contrações passaram a ficar insuportáveis, a minha sensação era de que não havia sido um aumento gradativo, como vinha acontecendo, foi de repente, então questionei a minha médica e ela confirmou que havia colocado um "pouco" de ocitocina no soro. A partir daí, já não lembro de muita coisa, só de sentir tanta dor a ponto de achar que ia enlouquecer, até que chegou um momento em que pedi analgesia. Fui levada pro centro cirúrgico e tomei anestesia, e, como havia pedido, continuei sentindo as contrações, mas sem sentir dor, então conseguia fazer força no momento certo. 
Depois de 5 hrs que já havia chegado no hospital já estava com 10 cm de dilatação, nesse momento era impossível não fazer força, meu corpo pedia por isso, mas, mesmo assim, Theo não estava descendo, segundo a médica, ele estava com a cabeça um pouco virada e isto estava impedindo que ele descesse, mas como ele estava sendo monitorado e estava tudo ok, continuei fazendo força. De repente, minha pressão começou a subir muito, talvez, pela minha preocupação do bebe não estar descendo, talvez por estar cansada de estar há tanto tempo fazendo força, até que minha pressão chegou a 17 por 9 e a médica achou mais prudente realizarmos a cesárea. Naquele momento, meu mundo caiu, eu estava preparada para qualquer coisa, menos a cesárea, mas, ao mesmo tempo, só o que eu queria era ter meu filho nos meus braços.
Depois de 14 horas de trabalho de parto, meu filho nasceu, com 52 cm, 3,5 Kg e extremamente saudável e esperto!
Posso dizer que esta experiência foi a mais difícil que já vivi na minha vida, lembro de cada contração que senti, e acho que nunca vou esquecer a dor e o sofrimento que é o trabalho de parto, mas sem sombra de dúvidas, é um processo transformador! 
O mais importante que posso tirar desta experiência é que é essencial que a gente busque informação sobre os tipos de parto, e que, ao tomar uma decisão, verifique-se se o seu médico está alinhado com o que você pensa, mesmo que ele te diga que faz o parto que você deseja, pesquise quais tipos ele realiza com mais frequência, porque ele pode até estar bem intencionado mas pode não ter a experiência necessária e é isso que conta! A ANS já divulgou uma resolução onde os planos de saúde são obrigados a fornecer, quando solicitados, o percentual de partos normais e cesáreas realizados pelos médicos conveniados, isso já ajuda muito!
E não deixe de fazer um plano de parto, assinado por você e seu médico, especificando tudo que gostaria que fosse e não fosse feito durante seu trabalho de parto, dessa forma você se resguarda sobre algum procedimento desnecessário que o médico possa realizar. 
Marina Narcizo
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário