quarta-feira, 27 de abril de 2016

O Parto!!! Parte VI - Na garra ou na marra? - Por Dr. Alexandre Peres

Olá.
Sou Alexandre Peres, médico anestesiologista, casado e pai de duas figuras: o Eduardo de 10 anos e da Laura, de 5. Fui formado na Universidade Federal Fluminense e me especializei no Hospital da Lagoa. Amo minha especialidade e estar no centro cirúrgico.
Minha relação com a Renata começou como paciente e, depois, como amiga.Tive o prazer de acompanhar nessa condição, de amigo, o nascimento do Jonas e agora recebo honrado o convite de participar do blog.

A anestesia ainda é um dos maiores medos de qualquer pessoa que entra em uma sala de cirurgia como paciente. É uma área repleta de mitos, estórias e desconhecimento.A anestesia permitiu o desenvolvimento da clínica cirúrgica e nas últimas 3 décadas foi uma das especialidades que mais se desenvolveu, com novas drogas, mais seguras, monitorização mais avançada e formação do médico anestesiologista.

Quando falamos sobre anestesia precisamos falar de dor. Na origem dos tempos, a mulher recebeu o castigo divino da dor durante o trabalho de parto. Será que essa dor é real ou apenas impressão? Na verdade, a dor é um fenômeno duplo, físico (objetivo) e individual (subjetivo) ou psicossomático.

A dor é uma sensação que varia de pessoa a pessoa. Durante o trabalho de parto a dor depende de muitos fatores desde o tamanho e posição do bebê até a força e freqüência das contrações uterinas.

Em obstetrícia, dois métodos são mais comumente utilizados durante o parto: a analgesia, que é o alívio da dor, para o parto normal e a anestesia, que é a interrupção total da sensibilidade,  para o parto cesáreo.

A anestesia regional é a mais utilizada em cesareanas. São os bloqueios espinhais, a peridural e a raquianestesia. Aplicadas nas suas costas, na altura da coluna lombar, ela inibe a sensação dolorosa e motora de uma região do corpo, mantendo a consciência. Você não sentirá dor, e ficará acordada durante todo o procedimento, acompanhando o nascimento de seu filho, podendo vê-lo assim que nascer e for avaliado pelo pediatra.
no parto normal a gestante precisa colaborar com o procedimento, auxiliando durante as contrações. A analgesia permite um maior conforto para a mãe, controlando a dor, mas ao mesmo tempo evita o bloqueio dos movimentos das pernas.

Podem ser feitos analgésicos sistêmicos, por via venosa, ou regionais , através da peridural, da raquianestesia ou das duas técnicas combinadas. A analgesia regional é mais eficaz, segura para a mãe o bebê, com poucos efeitos colaterais.

Como é feito o procedimento? Você ficará em posição sentada ou deitada de lado. Suas costas serão limpas com uma solução alcoólica, será colocado um campo cirúrgico, o médico anestesista vai examinar suas costas e decidir o melhor local para a punção. É feita então uma anestesia local na pele e logo abaixo dela. Essa anestesia local arde nos primeiros segundos, mas depois não sentirá mais dor.

Qual a diferença entre a peridural e a raquianestesia? A técnica tem muitas semelhanças, como preparação e o posicionamento. No bloqueio peridural é utilizada uma agulha mais grossa que na raqui; são utilizadas doses e volumes diferentes de anestésicos e adjuvantes ao bloqueio; geralmente a raqui tem maior bloqueio motor e sensitivo que a peridural, e o espaço anatômico onde o anestésico é depositado é mais anterior (superficial) na peridural, o que permite que ela seja aplicada em qualquer local da coluna vertebral, enquanto a raqui é somente feita da região lombar para baixo.

A analgesia não retira totalmente a dor, mas torna o trabalho de parto tolerável  e confortável para a equipe e a paciente.

Em alguns casos é realizada anestesia geral, como em pacientes com algumas cardiopatias.

Qual a melhor técnica? O seu anestesista decidirá a melhor técnica baseada em você, seu bebê e o momento do parto. Confie no entrosamento da equipe, tire suas dúvidas, pergunte, conte seus medos e expectativas.

Espero ter ajudado as futuras mamães, diminuindo um pouco a ansiedade em relação a anestesia.

Um beijo!
Alexandre

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